Interdependência

Atualmente, a interdependência é uma das principais características das relações internacionais. As forças e ações de um Estado, de uma organização internacional, de empresas ou de indivíduos afetam e influenciam os demais sujeitos internacionais. Em função desse fenômeno, uma série de custos e benefícios é necessariamente compartilhada.

Primeiramente, é necessário reconhecer que múltiplos canais conectam as sociedades. Além das relações entre os Estados, a mais clássica das relações internacionais, existem as relações entre empresas transnacionais, as relações entre organizações internacionais e comunidades locais e muitas outras. Anteriormente, os Estados e os governos eram os únicos atores internacionais com relevância. Hodiernamente, a análise adequada da realidade demanda um entendimento abrangente da quantidade de atores e sujeitos envolvidos.

Em segundo lugar, a interdependência é marcada pela multiplicidade das agendas. Diferentemente do que ocorria até meados do século XX, as conversações internacionais não mais se limitam a assuntos militares e de defesa. A diversificação é crescente, e não é admissível imaginar que a governança do meio ambiente, que a regulação da economia mundial e que as discussões dos direitos humanos sejam feitas unilateralmente. Apenas o esforço coletivo é capaz de produzir políticas verdadeiramente efetivas. Os temas militares permanecem importantes, todavia a força está longe de conseguir ser um instrumento significativo no combate, por exemplo, da emissão de gases estufa. As agendas são outras, e a cooperação é urgente.

A existência de múltiplos canais e de múltiplas agendas tem consequências variadas. Por um lado, há custos e restrições a serem divididos. O combate ao terrorismo, por exemplo, requer que toda a comunidade internacional imponha limites e estabeleça procedimentos comuns de segurança nos aeroportos. Na questão ambiental, não haverá progresso se o engajamento em favor do meio ambiente não for de todas as empresas e sociedades. Por outro lado, a interdependência propicia, por meio da cooperação, benefícios extensivos a toda a comunidade de nações. O compartilhamento de dados sobre os fluxos financeiros na Suíça contribui para o combate à lavagem de dinheiro e ao desvio de recursos públicos no Brasil. A cooperação científica e espacial nos Estados Unidos propicia o avanço das telecomunicações em muitos outros países.

Trata-se de um dilema do prisioneiro: caso todas as partes cooperem, todos desfrutarão dos benefícios; se uma parte decide não cooperar, o conjunto será prejudicado. Cabe a cada Estado, empresa, indivíduo ou organização potencializar o que de melhor traz a interdependência.

 

 

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